4 de abr. de 2012

Astrônomos amadores ajudam a mapear segredos do Universo

Observadores já identificaram vários asteroides importantes


(O Tempo) "Uma noite clara e um céu estrelado. Com apenas esses ingredientes, é possível que descobertas científicas sejam feitas por pessoas comuns", é o que afirma o astrônomo e coordenador do Laboratório de Astronomia do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais, Renato Las Casas.

Segundo o professor, a astronomia é um ramo da ciência que apresenta características especiais. "Ela permite a participação de pessoas comuns até mesmo em descobertas que podem mudar conceitos tidos como certezas em todo o mundo", diz.

Ricardo Vaz Tolentino, astrônomo amador, concorda. A formação acadêmica do diretor da Faculdade de Ciências Empresariais da Fumec, graduado em engenharia civil, pós-graduado em sistemas e mestre em tecnologia, não tem nem um pingo de astronomia. Porém, toda noite, Ricardo entra em seu observatório e, com muita paciência, direciona seu olhar ao Universo, em busca de imagens curiosas e descobertas científicas.

Reconhecimento. O tempo que o professor Tolentino passa no observatório não é em vão. Ricardo é o autor de nove imagens premiadas nos Estados Unidos e internacionalmente reconhecidas. A mais recente delas, chamada de "O gigante Cósmico", compara os tamanhos de Júpiter, Saturno e Marte com uma cratera da Lua. Além de ter sido premiada e publicada no mais importante site sobre a Lua, nos Estados Unidos, e em uma revista de astronomia da Austrália, a foto ainda gera comentários. "Recebo e-mails de pessoas elogiando a captura da cena. É muito divertido fazer parte dessa comunidade de interessados em astronomia", comenta o professor.

Universo. A importância dos astrônomos entusiastas é enorme, segundo o professor Las Casas. "Mesmo se juntássemos todos os astrônomos do mundo, não seríamos capazes de mapear o universo", diz o especialista.

Os amadores fazem um papel complementar e, muitas vezes, de destaque, segundo explica Las Casas. O professor afirma, ainda, que vários asteroides importantes foram identificados, pela primeira vez, por astrônomos amadores.

"Uma prova da popularidade da astronomia atualmente é, a cada dia que passa, haver mais cometas que têm nomes de pessoas comuns. Isso acontece porque quem ‘descobre’ tem o prazer de escolher o nome", comenta Las Casas.

Serviço
Quem quiser aprender mais sobre astronomia e sobre o Universo tem a opção de visitar os observatórios e assistir a palestras e oficinas. Além disso, cursos de extensão são oferecidos nas universidades Fumec e Federal de Minas Gerais (UFMG). Veja abaixo algumas opções:

UFMG.
O Departamento de Física oferece um curso de Iniciação à Astronomia, do Laboratório de Astronomia da UFMG. A próxima edição do curso será realizada em abril. As inscrições têm início amanhã. Outras informações na Fundep: 31 3409-4200.

Fumec. 
A universidade oferece o curso de extensão Passaporte para a Astronomia, ministrado pelo professor Ricardo José Vaz Tolentino. A próxima edição é gratuita e será realizada aos sábados, nos dias 19 e 26 de maio.

Ceamig. O Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (Ceamig) também oferece uma programação gratuita de palestras e workshops para interessados em astronomia. Outras informações no endereço: www.ceamig.org.br .


Fenômeno histórico registrado por entusiastas da astronomia
Em 1993, três astrônomos amadores identificaram o que viria a ser uma grande contribuição para a ciência. O cometa Shoemaker-Levi 9, descoberto em uma imagem gerada pela observação dos astrônomos amadores Carolyn e Eugene Shoemaker e David Levy, chocou-se com o planeta Júpiter um ano depois de rastreado em julho de 1994.

A descoberta possibilitou a primeira observação direta de uma colisão extraterrestre entre dois corpos do Sistema Solar. O evento teve uma grande importância para a comunidade científica, uma vez que permitiu aos astrônomos obter mais informações sobre Júpiter. Mas ele estava longe se ser a primeira grande descoberta do trio de amadores. Carolyn e Eugene Shoemaker e David Levy já haviam identificado 11 outros cometas durante suas sessões no observatório da Califórnia.

OUTRA DESCOBERTA


Cratera é alvo de estudo nos EUA
Outra descoberta que já faz parte do álbum de fotos no site do astrônomo entusiasta Ricardo Tolentino é uma suposta cratera "superfantasma" na Lua. O professor usou os equipamentos em seu observatório para fotografar uma cratera totalmente coberta por lava basáltica. A imagem gerou reconhecimento internacional, e a cratera já está sendo estudada por cientistas norte-americanos.

O professor levou cinco anos para montar um laboratório com equipamentos especiais que permitem fazer imagens incríveis dos astros. Contudo, mesmo sem esses equipamentos, ainda é possível fazer análises das estrelas no céu, segundo o coordenador do Laboratório de Astronomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Renato Las Casas.

Um ponto fraco da astronomia é o preço dos equipamentos. É tudo muito caro, e, com apenas um aparelho, não é possível observar vários tipos de fenômeno. Contudo, segundo Las Casas, quem tem interesse em iniciar as atividades de observação do Universo pode muito bem se divertir com os simples aparelhos binóculos. "Um bom binóculo custa cerca de R$ 300 e permite descobrir no céu uma série de coisas legais", garante o especialista.

Segundo o professor, um modelo bastante potente para observações astronômicas deve ser 7 x 50 (aumento de sete vezes e lente de 50 mm).

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