24 de jul. de 2017

Evento proporciona encontro dos conhecimentos astronômicos indígena e ocidental

Atividade reuniu cerca de 200 visitantes na aldeia Tekoá Pindó Mirim na noite da última sexta-feira


(UFRGS) “Um encontro de dois mundos”. Assim foi definida a atividade que reuniu cerca de duzentos visitantes na aldeia Tekoá Pindó Mirim, na Terra Indígena de Itapuã, em Viamão, na noite da última sexta-feira (14). Guaranis e juruás (os brancos, no idioma guarani) tiveram a oportunidade de trocar vivências e saberes relacionados à astronomia, à natureza e à cultura dos dois povos.

“É um encontro da astronomia guarani, tradicional, com a astronomia ocidental; do nosso conhecimento tradicional e do conhecimento dos brancos”, ressaltou o cacique Arnildo Verá Moreira. A cultura e tradição guarani e os conhecimentos acerca do céu e dos corpos celestes são, segundo o líder indígena, repassados oralmente dos mais velhos às crianças. “Temos minha avó como astrônomo principal. Galileu disse o mesmo que fala minha vó, que nunca estudou. Ela sabe todas as questões do céu e, ao mesmo tempo, sabe toda a questão da natureza e toda a questão espiritual. Tudo da questão do mundo. Ela passa para nós, e a gente mantém”, ele explica. “É o Google dos Guarani”, brinca. Conforme ressalta o cacique, manter a cultura e a tradição e viver em harmonia com a natureza estão entre as prioridades de seu povo. “Para ser guarani, tem que entender seu povo, manter sua cultura”, enfatiza.

O curta-documentário Cuaracy Ra’Angaba – O céu Tupi Guarani, exibido na ocasião, também ajudou a compreender a relação da cultura guarani com as estrelas e constelações. “Tudo o que está no céu está também na terra”, dizem os sábios guaranis. A observação dos corpos celestes afeta diversos aspectos da vida desse povo, como a noção de passagem do tempo, a orientação espacial, a caça, a pesca e a agricultura.

Além da observação do céu, os visitantes puderam apreciar o canto do coral de crianças indígenas, contação de história e uma trilha noturna, guiada por adultos e crianças indígenas, além de uma exposição de artesanato e da degustação de alguns alimentos tradicionais, como kaguijy (canjica), jety mbixy (batata assada) e pirá mimoi (peixe cozido). Os presentes também presenciaram o batizado simbólico juruá da pequena Araí, a filha do cacique.

“Nossa intenção é tentar fazer com que a comunidade veja um pouco do trabalho do povo Guarani e que o povo Guarani possa entender o que acontece lá fora. É um momento de relação dos indígenas com os juruá, dos conhecimentos de dois mundos”, afirma Alessandra Santos, diretora da Escola Estadual Indígena Nhamandu Nhemopu'ã.

O evento fez parte do projeto Tudo que está no céu, também está aqui na Terra e foi organizado pelos Programas de Extensão Observatório Educativo Itinerante (OEI) e Aventureiros do Universo com a aldeia Tekoá Pindó Mirim, a Escola Estadual Indígena Nhamandu Nhemopua, o Planetário e o Museu da UFRGS e o Centro de Formação de Professores – FORPROF/UFRGS.

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